sábado, setembro 30, 2006

Fast As You Can

Encontro-te sempre nas minhas memórias, nesse passado que te pertenceu, que nos pertenceu.
Por isso é tão difícil agarrar-me a uns segundos do meu presente.

Ainda sinto vida em mim mas não se compara aquela que eu sentia quando a tua presença era constante.
Não tenho mais lágrimas para te dar, estas ficaram no jardim onde adormeci o meu espírito no teu corpo.
À noite sinto-te mais perto, mais forte, és tu que me acompanhes a morte.
Tento esquecer...
Esquecer-me...
Esquecer-te...
Hoje não me peças para te oferecer o sorriso, morreu no dia 23.

Sara


*Título de Fiona Apple...

quarta-feira, setembro 27, 2006

Other Side


It's not the same without you up here
Can't find my wheels
Your absence is what breeds this fear
Warm breath and all it steals
You can't know how it feels to be in here
All the dark horse fields, befriendin' me
Playin' ain't the same without you here
We've come to hate the golden rule
Cannot seem to make the dots connect
The morning light don't show you near
You can't know what it's like to bleed from here
The blackened world grows white, it goes nowhere
Oooh hoo..
Death ain't the same without you, dear
I make the others run and hide
New york streets seem to make it worse
All this noise inside the quiet
I can't hold on, the weight you bear
My body's broken fast, please lift me up
You can't know what it's like to be inside
The fading melodies can't beat my need
I'm not the same without you here
How can i quit to be there
Sit and stare
Stare..
Begging for a prayer

Pearl Jam - Other Side

Dedicado...



segunda-feira, setembro 25, 2006

Entre Mundos

Entre os mundos que fugiam lá estavam, adormecidos com os dedos entrelaçados.

Somos dois seres perdidos nos dias e nas noites.
Somos fruto da paixão que se esconde nas nossas próprias defesas.
Tenho em mim e guardo-te nos meus olhos e com um simples gesto arranco-te o coração do peito e paro para o sentir pulsar nas minhas mãos.
Dou-te a minha honesta permissão para que me penetres com o corpo, sou a tua amante.
Sou a mulher que te irá fazer render ao doce prazer do pecado que é amar.
Comigo és o aprendiz porque te irei ensinar a escolher, porque te irei desarmar e fazer com que me deixes que eu entre em ti.
Muito tempo se irá passar e neste corpo que te estende as mãos e os lábios ficarás preso.
Nunca irás esquecer, nunca irás tecer comparações, serei sempre a tua amante, a tua eterna amante...
Um dia nos afastaremos mas o prazer de te ter amado irá permanecer em mim, em nós, guardado na nossa carne e sangue.
Numa noite de chuva tomarás uma decisão e até lá espero, aguardo para ver o teu coração pulsar nas minhas mãos.

Sara

domingo, setembro 24, 2006

Eu sou a tua outra face

Eu era a chama incolor do teu sopro, o teu sopro revolvendo o mundo. Adoptei a tua aparência visível e através de ti deixei a minha marca no mundo. Glorifiquei a minha chama em ti.

Este é o livro que tu escreveste
E tu és a mulher que eu sou


Anaïs Nin

em a Casa do Incesto

segunda-feira, setembro 18, 2006

Clandestino

Algo surgiu na noite em que duas mãos se cruzaram entre si mesmas e dois corpos se presentearam com o amor.

Em todas as noites, de todos os dias, se sentavam no mesmo bar de Lisboa.
Tocavam-se discretamente com o olhar, trocavam palavras dentro de sim e conversavam com o corpo.
Um simples corredor os separava e dois copos vazios em cima das mesas pediam mais um pouco de moscatel.
Ele escrevia com o som das palavras a tocarem-lhe nos lábios e ela esperava, observando as paredes de um bar clandestino assinadas pelo tempo.
Anos se passaram, copos se beberam, cigarros se fumaram e eles continuaram, olhando-se e desesperando por um olhar que dissesse: “não quero estar só…”
Até ao dia em que o som de uma música a despertou, fechou os olhos ainda cega e ouviu a sua voz pela primeira vez.
Ele abriu o olhar e seguiu-a.
A música parou e enquanto o mundo voltava a acordar, beijaram-se junto ao fogo, partilharam o respirar do tempo e sentaram-se nesse bar clandestino onde se sentiram viver.

Sara

sábado, setembro 09, 2006

Coffee and Cigarrettes

Entrava no café onde passava uma parte dos meus sonhos
Caminha rápido sem forçar o chão contra si
Sentou-se.
Em mim sobra apenas um espaço onde não distingo passado presente futuro
Sobra um espaço onde quero estar

Tirei o isqueiro do bolso
Pousei-o em cima da mesa do café e esperei
Olhei em volta à procura na esperança de a encontrar atrás do balcão
Parei o momento e forcei-me a respirar fundo quando ela entrou
Dirigiu-se a mim e pediu-me lume
Em cima da mesa lá estava à espera, ergui a mão e acendi-lhe o cigarro
Olhei-a e senti o corpo apertar
Virou-me costas e sentou-se na mesa ao lado.

E nesse momento o meu corpo não chegava
Quero-te
E não era um pensamento era uma força
Fumo mais um cigarro e desvio o olhar dela
Tento e desisto de tentar
Pego na mão dela e arrasto-a para mim

Era nítido no seu olhar que não me queria
Mas mesmo assim tentei e não desisti enquanto não lhe retirei o sabor amargo dos lábios
Beijei-lhe a mão que arrefeceu com o meu toque
Ofereci-lhe um instante para que o seu olhar a traísse
E dei-lhe a conhecer o desespero.

Já não queria esperar
Queria agora já neste momento e aqui
Não existia tempo e era isso que lhe dizia ao ouvido
Amanhã não existe agora quero-te!
Ele respirava de e para os seus cabelos depois no seu ouvido depois mais perto mais perto...
E nesse momento não pensava e não queria pensar.

Olhei o relógio pregado na parede do café
Eram 23horas, estava atrasado, tinha alguém à minha espera
Ela vacilou e olhou em redor para me dizer baixinho
Sou tua
Quero-te aqui e agora num espaço onde possa encaminhar a minha loucura
Baixinho mais uma vez....
Sou tua...

Eu sei
Disse sem pensar como sempre deve ser
Abracei-te contra mim sentia o teu corpo
O meu corpo
A tua boca
O tempo tinha parado
Não havia café nem pessoas e o fumo à nossa volta servia-nos de barreira imaginária
Linha do equador
Quero sair daqui contigo
Eu sei, disseste ainda mais baixo
Leva-me

As portas fecharam-se
Chovia lá fora,
Percorremos as ruas a correr até chegarmos a tua casa
Entrei atrás de ti e olhei-te a cintura, os braços longos cruzando-se no peito molhado
Rodaste a chave e encostei-te a um canto beijando-te sofregamente
Senti-te o coração e reuni todas as minhas forças para te tocar no rosto
Eras feita de pedaços de mim.

E ao mesmo tempo tudo o que me faltava
A minha mão no teu rosto devagar os teus olhos curiosos a curva perfeita do teu nariz a minha mão mais devagar os teus lábios...
E beijo-te de novo porque não tenho voz
Não preciso de voz
Só tu importas agora e eu sei que percebes pelo teu olhar
Estávamos à porta da tua casa quando te beijei o pescoço e as mãos e todo o espaço que separa a tua voz da tua voz

Deitei-te no meu peito
Suavemente disseste-me:
Diz-me o teu nome...
Não respondi, não quis e olhei-a
Beijei-a, trouxe-a de volta a mim e o seu doce perfume espalhou-se pelo ar
Reparei de novo nas horas, tinha alguém à minha espera
Arrumei o corpo, deixei-te sozinha sem nome
E corri até ao café onde um isqueiro me esperava para acender mais um cigarro.


Sara Almeida com M.Tiago Paixão


Lisboa 06.09.06



*Mais um texto escrito em colaboração com M.Tiago Paixão.

*Obrigada...

terça-feira, setembro 05, 2006

O Concerto



She lived on a curve in the road, in an old tar-paper shack

On the south side of the town, on the wrong side of the tracks
Sometimes on the way into town we'd say:
"Mama, can we stop and give her a ride?"
Sometimes we did but her hands flew from her side
Wild eyed, crazy Mary

Down along the road, past the Parson's place
The old blue car we used to race
Little country store with a sign tacked to the side
Said "No L-O-I-T-E-R-I-N-G allowed"
Underneath that sign always congregated quite a crowd

Take a bottle, drink it down, pass it around
Take a bottle, drink it down, pass it around
Take a bottle, drink it down, pass it around

One night thunder cracked mercy backed outside her windowsill
Dreamed I was flying high above the trees, over the hills
Looked down into the house of Mary
Bare bulb blown, newspaper-covered walls, and Mary rising up above it all

Next morning on the way into town
Saw some skid marks, and followed them around
Over the curve,through the fields, into the house of Mary

That what you fear the most, could meet you halfway
That what you fear the most, could meet you halfway
Take a bottle, drink it down, pass it around
Take a bottle, drink it down, pass it around
Take a bottle, drink it down, pass it around

Pearl Jam - Crazy Mary

P.S- Grande concerto! A quem não foi o meu sincero lamento! :)

sexta-feira, setembro 01, 2006

Última Noite

Abri-te as portas da minha casa e bati com elas quando entraste, selei o trinco da fechadura e não te deixei mais sair.
Olhaste nos meus olhos e contra a parede me empurraste e me gritaste aquelas palavras que tanto sentido faziam na altura.
Implorei, submissa e dependente de ti, que não me deixasses, que me perdoasses.
Riste-te na minha cara e vasculhaste a minha casa à procura do que te faltava para te ires embora.
Agarrei no teu braço ainda com a esperança de que o meu toque te fizesse mudar de ideias, ainda a pensar que te poderia mudar o coração. Enganei-me e dei-te mais um motivo para me gozares.
Observei o teu corpo enquanto corrias à procura, para depressa me deparar com o teu olhar e ver aquilo que iria perder em pouco mais que uma hora.
Ainda senti aquele fogo ao lembrar-me de quando me tocavas e me declamavas ao ouvido palavras de amor eterno, ainda vivi esses momentos mesmo perto do fim.
Dirigiste-te para a porta mas só eu tinha a chave e envolvi-te nesse jogo estúpido que é a minha alma, tentei seduzir-te e levar-te a pensar que só eu é que tinha o poder, que nada poderias fazer a não ser envolveres-te nos meus braços. Por breves instantes consegui captar a tua atenção, foi fácil sabendo que tu não gostavas do papel submisso que eu tantas vezes representava e trazendo de volta aquela que tu tinhas amado um dia.
Dei-te as chaves e fechei as portas atrás de mim, sorrindo.


Sara