domingo, outubro 22, 2006

Brighid

Os tempos mudam, o verão acabou e chegam as chuvas.
Eu sento-me a escrever neste meu assento onde nada à minha volta se manifesta, sou ser criador da sua própria realidade e faço deste mundo o meu produto final de criação.
A chuva lá fora não pára, oiço os carros passarem devagar e oiço as gotas de água caírem sobre o chão de pedra do terraço.
As janelas da casa batem com força, o vento sopra desesperado chamando pela terra que o consome.
Tenho as mãos quentes e o coração calmo, bebi um chá de maçã e canela antes de me sentar a escrever, tenho agora o poder da criação em mim e estas palavras sugam toda a minha energia porque nelas deposito a minha força.

Hoje escrevo algo a todas as mulheres e falo sobre o ser feminino.
Quantas vezes não nos ouvimos lamuriar por causa de uma situação? Quantas vezes não ficamos em casa perdidas porque simplesmente nos sentimos fracas demais para nos apresentarmos ao mundo? Quantas vezes não somos confrontadas com alguém que nos faz sofrer, que nos deita abaixo, que nos pisa e nos volta a pisar vezes sem conta? Quantas vezes não tentamos ser vistas por uma multidão para nos sentirmos mais quentes? E quantas vezes não queremos simplesmente uma única palavra de amor?
Todas nós pensamos nisto, por mais fortes que sejamos, por mais frias que tentemos ser, todas nós apresentamos um coração que bate forte sempre que passa por uma criança, que bate sempre que sente o cheiro de uma simples recordação de infância, que bate sempre que revemos o nosso primeiro grande amor, que bate sempre que nos olhamos ao espelho para nos sentirmos mais bonitas para a noite que nos aguarda ansiosa.
Eu só não entendo o nosso egoísmo, o nosso desespero perante uma situação mais difícil, os nossos ciúmes e as nossas invejas.
Somos capazes de ser maldosas, mesquinhas e falsas para com um grupo, para com outras e muitas vezes para com as nossas verdadeiras amigas.
De onde vem toda essa energia que nos guia tanto para o mal?
E se a utilizássemos para erguermos o nosso corpo e fazermos da nossa vida algo mais simples e a dos outros também?
Parece que o nosso universo gira em torno do homem, que este é a razão de todos os nossos infortúnio. Será?
Será que não somos nós mulheres que complicamos aquilo que é tão simples?
Sim, todas nós já sofremos, todas nós já chorámos, todas nós talvez em um minuto das nossas vidas já perdemos a nossa dignidade por causa de um amor, mas será que precisamos de nos trancar em nós próprias, de nos sentirmos indefesas e vulneráveis por causa disso?
Se as mulheres foram feitas para serem mães e sofrer as dores de um parto e se erguerem a seguir para segurar nos braços o seu filho então fomos feitas para aguentar muito mais.
Eu penso que sabemos que temos uma grande força em nós mas que constantemente temos medo de a utilizar porque nos reprimimos a nós próprias.
Com estas palavras só quero que reflictam, posso estar a ser confusa naquilo que digo mas tenho a certeza que muitas que se dêem ao trabalho de me ler vão entender o que digo e vão esboçar um sorriso…
Não pensem nisto como um “manifesto” feminino, só não gosto de pensar que muitas de nós nos fechamos num quarto a chorar pelo tempo que já não volta.
Ergam os vossos olhos e vivam a vida como se fosse o vosso último minuto.
Sintam e utilizem esse sexto sentido para se fortalecerem.

Sara

domingo, outubro 15, 2006

Bang Bang



I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say
"Remember when we used to play?"

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down

Music played and people sang
Just for me the church bells rang

Now he's gone. I don't know why
And till this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down


Nancy Sinatra

segunda-feira, outubro 09, 2006

Enquanto Dormias

É estranho ver-te aí deitado, quando um dia os nossos sonhos se separaram em dois.
Por momentos pensei até que fossem os meus olhos enganados a sofrerem com a tua ausência mas toco-te agora para te sentir e realmente vejo que és tu, deitado nos meus lençóis, de olhos fechados com os pulsos cortados.
Era o teu sangue que eu bebia ontem quando adormeci nos teus braços, era o teu corpo e não o meu sozinho como em todas as outras noites.
Fico agora com os pedaços de pele que me ofereceste na tua busca incessante pela morte e absorvo todas as lágrimas que me caem em cada poro do corpo.

Sara

sexta-feira, outubro 06, 2006

Em Mim Permanecem os Restos de Ti

Em mim permanecem os restos de ti

Entre o espaço que ocupas

Entre a fragilidade dos teus ossos

Em mim estão os teus restos.

Deste corpo tiro as palavras

E de mim tiro o medo que me pesa nos ombros

Escrevo cega para aprender a ver

E escrevo para que me cegues

As lágrimas finalmente fazem sentido.


Sara