domingo, maio 28, 2006

Manhãs

Levanto-me da cama com o despertador a tocar incansavelmente, olho-me ao espelho e apago os últimos vestígios de mais uma noite mal dormida.
Tomo um duche e preparo a minha roupa, aquela que se possa adaptar mais à minha disposição.
O calor aperta-me o corpo e espreme as últimas gotas de água que lá se encontram.
Sinto-me fraca e desidratada, com a garganta seca e apertada e o estômago às voltas.
Acabo de me vestir e penteio o meu cabelo liso olhando os simples traços que o sol lhe deixa, sorrio olhando o espelho, talvez seja o único sorriso que deixo quando me observo.
O meu gato enrola-se nas minhas pernas pedindo por um pouco de atenção, olha-me com aquele olhar de quem quer comer não me deixando sequer ir embora sem que lhe diga um adeus.
Abro a porta de casa em silêncio e vou para o café do Paulo onde todos os dias peço um folhado e um leite Ucal. É sempre um prazer dizer o primeiro bom dia, sentar-me à mesa e comer a primeira refeição do dia.
Oiço o barulho do autocarro e apresso-me para descer a rua e ainda o conseguir apanhar para chegar a tempo ao trabalho, pico o bilhete, olho em volta por um lugar vazio junto à janela e inicio a minha viagem até ao Arco de Cego. Como sempre, ligo o mp3 e observo as ruas no amanhecer de um novo dia. As pessoas parece que param, deixam-se ficar nos seus pensamentos mais íntimos como se a manhã lhes trouxesse aquilo que tanto temem, não existem sorrisos, não existem muitos momentos carinhosos, existem rostos, vidas que vão sendo esquecidas com o tempo, memórias escondidas.
É de manhã que nos deparamos com aquilo que somos e com aquilo que guardamos junto ao peito.
O autocarro pára e eu saio atravessando o jardim ainda com os repuxos de água a regar, às 7h tudo é visto como um filme em câmara lenta, aqueles simples momentos em que nos confrontamos com uma beleza inexplicável e paramos para os apreciar.
Finalmente chego ao trabalho, cumprimento aqueles que estão à minha volta e começo um novo dia com a mesma rotina mas sempre com momentos únicos por descobrir.

Sara

quarta-feira, maio 10, 2006

Visitaste-me nas sombras

Vieste ao meu encontro e nada disseste de novo, fizeste o típico comentário que tantos já fizeram acerca da minha voz grave.
Sentaste-te ao meu lado, na mesma mesa onde tantas vezes escrevi, ri, chorei e conversei.
Olhaste-me profundamente, fingiste que nada sabias acerca de mim mas eu sabia que tu tinhas entrado no meu ser, sabia que me irias estender a mão e sorrir e porque é que o fizeste? Porquê esse estranho sentimento de pertença que se apoderou do meu corpo e alma?
Em poucos minutos visitaste o meu vazio e lá, tocaste nas feridas que ninguém conhece, de lá retiraste o fruto da minha dor, da minha mágoa e da minha frieza.
Não te conhecia, nem sequer tinha algum dia olhado para ti porque nada me dizias até ontem, até aquele momento em que me seguraste a mão, me agarraste a alma e me disseste: "tu eras a irmã dela..."
Obrigada a ti... Seja lá quem tu fores...

Sara

domingo, maio 07, 2006

Liberta-te

Leva para casa esta loucura que se abate sobre ti, faz dela o teu modo de vida.
Embarca nesse mar de luxúria e prazer, deixa-te levar, não tentes compreender.
Sente, vive e deixa a tua mente vaguear.
Goza dessa tua solidão, liberta-te do mundo e das pessoas, olha para dentro de ti mesma e tenta preencher esse vazio com a viagem ao teu ego e ao teu ser.
É tão bom não é?
Sentes-te liberta não sentes?
Pois é minha querida...
Esta és tu e quem tu desejas ser quando te encontras sozinha na rua...

Sara