domingo, fevereiro 05, 2006

Papel e Caneta

Hoje sonhei com o meu primeiro poema, sonhei com palavras, com rimas, com letras a ganhar forma no papel, sonhei e deixei-me estar, seria tão bom se conseguisse sentir aquele sonho de uma forma mais real.
O bloqueio já é algo que faz parte da minha vida, já não vale a pena sequer desesperar por isso, por uma única frase para começar um texto, mas talvez seja inevitável, eu própria sinto o meu desespero e angustia nestas palavras que escrevo.
Várias são as imagens que me passam pela cabeça, várias são as críticas, vários são os desejos mas algo cai sobre mim não me deixando ver para além do sitio onde me encontro. É perfeito quando estou minimamente inspirada, é perfeito quando tudo à minha volta é bonito e questionável, é perfeito quando o céu escurece e ao longe se vêm as múltiplas cores do sol conjugadas numa só, é belo, é sentido, é vivido, mas hoje não. Hoje o céu escureceu e nada se viu, hoje o céu jorra lágrimas, hoje o céu não se deixou ver.
Oiço agora o bater das teclas, um som vibrante e ao mesmo tempo desconcertante pois não se parece em nada com uma melodia em dias como este, dias em que estas tão revoltantes palavras não me soam a mim, dias em que não consigo vibrar com o seu toque na minha alma.
Tinha dito no último post que talvez aquele fosse mesmo o último mas não consigo deixar de escrever e talvez também tenha que agradecer à pessoa que me escreveu aquelas poucas mas grandes palavras de conforto... Obrigada.
Sara

3 comentários:

Unattached disse...

Quando sentires de necessidade de escreveres escreves...nao tens de dar satisfaçoes a ninguem nem tens de sentir nenhuma obrigaçao em escrever...apesar de tudo compreendo-te, os bloqueios tornam-nos insensiveis a todas as palavras...mas passam...felizmente.

Bjs

João Silveira disse...

duvido que pares realmente de escrever porque tu própria admites que te agarrou.
é mais que um vício ou uma doença.
é o que nos faz fracos por nos dobrar e obrigar a continuar.
é o que nos faz vivos.
e, como te disseram, e bem (que é dom dessa pessoa dizer as coisas de forma única), há quem te leia em silêncio. sempre.
ainda que o silêncio, por vezes, não traga muito que apenas o espaço que ocupa.
de qualquer modo, sabe que te lemos.

.:GM:. disse...

Leio hoje pela primeira vez o teu blog. E li este post em particular. Pelo que li, o teu sonho, já é realidade. As rimas não são parte essencial de um poema, mas sim a intensidade com que escreves e a forma como fazes com que os teus leitores sintam os teus sentimentos. A maior parte dos teus textos aqui publicados são poemas já por cima. Não é forma como os apresentas, não é a rima, não são as quadras nem sonetos que os vão tornar poemas. São as palavras por si só, uma a uma, e o sentimento que transmitem. Para mim, já és uma poetisa.