segunda-feira, julho 10, 2006

Carta à família

Recordo por momentos a minha infância.
Recordo um jardim onde eu percorria cada ponto, cada espaço com o olhar, observava tudo à minha volta como se cada flor, cada árvore, cada animal fossem únicas.
Recordo os cheiros de Lisboa e de quando a minha avó me vinha buscar à escola e íamos comprar milho para dar às pombas na Praça da Figueira.
Recordo a minha mãe a dar-me festas no cabelo comigo a adormecer ao seu colo.
Recordo o meu pai com o seu típico sorriso triste, das lágrimas após tantas discussões e do abraço final de tréguas.
Recordo o meu avô paterno com a sua mão fechada revoltado com o país a falar constantemente de politica e da minha avó a chorar por causa dele.
Recordo o meu irmão com as infinitas discussões que não davam em nada, das ameaças e dos empurrões e da doce amizade que daí se formou.
Recordo a minha avó materna, do seu doce olhar, do seu sorriso ao falar de deus, ao falar da vida e do sentimento de paz que me transmitia a cada palavra sua.
Recordo o meu avô paterno, da sua constante má disposição, da cara zangada e do esforço que às vezes fazia para não esboçar um sorriso depois de eu lhe dar a volta.
Recordo-me da praia em Sintra, do cheiro a mar, das brincadeiras, da felicidade e da tristeza, de tudo o que faz parte na minha família.
Recordo-vos como parte do meu passado e do meu crescimento e dedico-vos o meu futuro.

Sara

1 comentário:

TheyDontSleepAnymore disse...

muito bonito, escreves bem quando sentes, e sei que sentes.

Understand what I’ve become
It wasn’t my design
And people everywhere think
Something better than I am
But I miss you, I miss
’cause I liked it, I liked it
When I was out there
D’you know this, d’you know
You did not find me, you did not find
Does anyone care

- Cramberries, ode to the family

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