Abri-te as portas da minha casa e bati com elas quando entraste, selei o trinco da fechadura e não te deixei mais sair.
Olhaste nos meus olhos e contra a parede me empurraste e me gritaste aquelas palavras que tanto sentido faziam na altura.
Implorei, submissa e dependente de ti, que não me deixasses, que me perdoasses.
Riste-te na minha cara e vasculhaste a minha casa à procura do que te faltava para te ires embora.
Agarrei no teu braço ainda com a esperança de que o meu toque te fizesse mudar de ideias, ainda a pensar que te poderia mudar o coração. Enganei-me e dei-te mais um motivo para me gozares.
Observei o teu corpo enquanto corrias à procura, para depressa me deparar com o teu olhar e ver aquilo que iria perder em pouco mais que uma hora.
Ainda senti aquele fogo ao lembrar-me de quando me tocavas e me declamavas ao ouvido palavras de amor eterno, ainda vivi esses momentos mesmo perto do fim.
Dirigiste-te para a porta mas só eu tinha a chave e envolvi-te nesse jogo estúpido que é a minha alma, tentei seduzir-te e levar-te a pensar que só eu é que tinha o poder, que nada poderias fazer a não ser envolveres-te nos meus braços. Por breves instantes consegui captar a tua atenção, foi fácil sabendo que tu não gostavas do papel submisso que eu tantas vezes representava e trazendo de volta aquela que tu tinhas amado um dia.
Dei-te as chaves e fechei as portas atrás de mim, sorrindo.
Sara
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